Terça -feira, 15 de abril de 2025, 17:12
Um estudo liderado pelo Instituto de Pesquisa do Hospital Del Mar de Barcelona permitiu identificar uma das chaves para a alta agressividade do câncer de pâncreas. A pesquisa, publicada na revista ‘PNAs’, revela o papel da proteína galectina-1 no núcleo das células que envolvem o tumor no câncer de pâncreas, os fibroblastos, que contribuem para sua ativação. De acordo com a Fundação La Caixa, tudo responde ao Stroma, um conjunto de células essenciais para o tumor crescer e se expandir.
“Considera-se que esse estroma é uma peça-chave na biologia agressiva do câncer de pâncreas, uma vez que interage com células tumorais, protege e evita a ação dos medicamentos”, argumenta o coordenador do grupo de pesquisa em novos alvos moleculares do câncer do Instituto de Pesquisa do Navar. Na sua opinião, células estromistas, particularmente fibroblastos, “produzem substâncias que favorecem o tumor e facilitam o crescimento e a disseminação”.
Até agora, sabia-se que os fibroblastos secretaram a galectina-1, uma proteína com propriedades protumorais. Graças a este estudo, é demonstrado que a molécula “também está dentro dos fibroblastos – no núcleo – onde desempenha um papel fundamental no controle da expressão gênica”.
Os pesquisadores viram como a galectina-1 mostra a capacidade de regular a expressão gênica dessas células em um nível muito específico, “sem modificar a sequência de DNA, pelo controle epigenético”. Segundo Navarro, um dos genes nos quais Kras atua, que em tumores pancreáticos desempenha um papel fundamental. Não no balde, esse gene também é encontrado em células tumorais de 90% dos pacientes, mas, neste caso, é mutado.
Novas moléculas
Os especialistas que participaram do estudo já haviam identificado em estudos anteriores o papel principal da Galectina-1 no câncer de pâncreas, mas as novas funções descobriram agora “abrem a porta para projetar novas estratégias para atacar esse tipo de tumor”.
Os pesquisadores trabalharam com amostras de pacientes com câncer de pâncreas e realizaram experimentos ‘in vitro’ com linhas celulares humanas fibroblásticas, onde investigaram os efeitos da inibição do gene da proteína e Kras. O pesquisador do Centro de Pesquisa do Hospital Del Mar e o primeiro signatador do estudo, Judith Vinaixa, destaca a relevância desses resultados: “Provamos a importância do papel da galectina-1 no núcleo celular dos fibroblastos, onde regula a expressão de múltiplos genes importantes para a célula”.
O especialista do IBYME (Conicet) e o Instituto de Pesquisa da CAIXARESECH Gabriel Rabinovich explica que as próximas etapas da investigação serão explorar combinações terapêuticas que permitem inibir a galectina-1 extracelular e intracelular.