Óscar Andrés Rodríguez Madariaga, cardeal Honduraño: “Existem cardeais com Torticolis que querem olhar para trás”

O hondurenho roxo Óscar Andrés Rodríguez Maradiaga, arcebispo emérito de Tegucigalpa, foi um dos sutiãs principais de Jorge Mario Bergoglio durante seu pontificado ao … coordenar o Conselho CardinalO corpo criado por Francisco para ajudá -lo no governo da Igreja e na reforma da Cúria Romana. Depois de participar da primeira rodada das congregações gerais, as reuniões anteriores ao conclave que começa hoje, Rodríguez Maradiaga retorna ao seu país porque não poderá entrar na capela sistina para escolher o novo papa já excedendo 80 anos. “O que eu tinha a dizer que disse”, diz ele, alertando que alguns membros do Colégio Cardinal pretendem reverter o caminho das reformas realizadas por Francisco: “Eles ficaram com o Torticolis e querem olhar para trás”.
– Existe divisão entre os cardeais que desejam seguir a linha marcada por Bergoglio e aqueles que pretendem um papa mais preocupados em tranquilizar as águas?
–Eu ouvi algumas intervenções em que se vê que há uma tendência a recuar. É por isso que você precisa ter cuidado, porque a caixa de troca de velocidade do Espírito Santo não tem revés. Devemos esperar, porque a igreja não é um organismo estático. Ouvi algumas coisas que me confundiram, mas entendo que há quem ficou com o Torticolis e querem olhar para trás.
– Somente os membros da Cúria Romana estão desconfortáveis com o que o Pontificado de Francisco significa ou também veio de outros países?
– Há também alguns de fora da Cúria, embora eu não acredite que esse setor desconfortável constitua a maioria. Vou lhe dizer uma anedota que pode ser dita. Nas congregações gerais anteriores ao conclave do qual o Papa Bento XVI foi eleito, havia muitos irmãos que falaram contra a lei que força os bispos a renunciar ao cargo quando atingiu 75 anos. Quase todos os que intervieram eram mais velhos. Lembro que um colega me disse que refletia que a lei estava funcionando bem. É sempre interessante que exista algum irmão que não tenha seguido todos os caminhos e ilustrações do Espírito Santo e fique olhando para trás, pensando que os tempos eram melhores. Mas os tempos antigos eram bons em seu tempo, assim como os atuais são bons em nosso tempo. E o mesmo acontecerá com os tempos futuros. Não podemos pensar em voltar. Isso não significa que desistimos de tradição, mas não estamos em um mundo estático. Devemos dialogar com as notícias.
– Como você imagina o novo papa?
–Eu gostaria que eu avançasse com a estrada realizada por Francisco. E sempre tente dialogar com a novidade. A novidade vem igualmente do Espírito Santo, não é apenas uma coisa de Elon Musk. Entre meus irmãos, é claro, há alguns que têm esse perfil. Existem muito bons, mas não direi nomes. Quem cita nomes está errado.
– Pode ser um papa asiático ou africano?
– Eu acho que pode ser. Africano menos e asiático.
– e poderia ser dos Estados Unidos, o primeiro poder do mundo, ou seria banido?
– Ele não é vetado. Se o Espírito Santo quiser agir lá, será. Eu não acho que você tenha que apostar em um continente ou em outro. Quando o espírito sopra, às vezes somos confusão. O papado não é propriedade de nenhum país.
– Será um breve conclave?
– Pode ser, mas, tendo renovado o Cardinal College, alguns não conhecem o antigo e mal se conhecem. Eu acho que pode ser curto, mas o que acontece nos primeiros votos será importante, no qual você verá como estão as tendências.
– As primeiras reuniões foram enfatizadas com a possível participação no conclave do cardeal Becciu, condenado por um escândalo financeiro?
– Eu teria sido enfatizado se não tivesse decidido que não entrou no conclave. Ele fez isso para o bem da igreja, como ele disse. Tudo bem. Não teria sido consistente entrar no conclave.
–Ele aqueles que pedem que as mudanças impulsionadas por Francisco sejam institucionais. Você concorda?
– É muito importante continuar com a sinodalidade. O decreto já foi assinado para que o Secretariado do Sínodo trabalhe a sinodalidade. Através da capilaridade, você deve alcançar as bases da igreja e a partir daí avançam. Que não esquecemos que em junho as comissões episcopais devem explicar como funcionar nessa linha. O documento final do Sínodo não é o cume, mas um elemento que agora deve ser desenvolvido.
– A sinodalidade é o principal legado que Francisco sai?
-Definitivamente. Mas não é apenas uma palavra, um evento ou reuniões. É uma nova maneira de ser uma igreja, colocando em prática o Conselho do Segundo Vaticano. Não foi Francisco quem inventou isso, mas estava amadurecendo do ‘Lumen Gentium’, com a idéia do povo de Deus que não era fundamental e que Bergoglio se desenvolveu desde o início de seu pontificado, decidindo viver de uma maneira simples na casa de Santa Marta. Ele disse desde o início que precisava de pessoas e que no palácio apostólico ele teria sido quase isolado. Tudo dependia do público que recebeu. Mas em Santa Marta, tive tempo de comer com bispos, alguns convidados e até com a equipe de serviço, como as mulheres que limpavam os quartos ou frequentavam a sala de jantar. Francisco precisava de contato com as pessoas até o fim.
– Eles tinham um relacionamento próximo. Você perdeu um amigo?
-É assim que é. Éramos realmente muito amigos, irmãos e confidentes. Sua morte machucou muito. Mas a fé nos sustenta, sabendo que já alcançou o objetivo.