Isabel Celaá, embaixador da Espanha antes da Santa Sé: “Se a igreja voltar e agora se envolverá será um drama”

Embaixador da Santa Sé desde o final de 2021 – o placet do Vaticano disse várias semanas depois – Isabel Celaá (Bilbao, 1949) tem sido o último … Anos O interlocutor da Espanha diante da Cúria Romana, que lhe deu a oportunidade de se encontrar com Francisco em inúmeras ocasiões. «Sua morte me tocou muito. Eu tenho muita tristeza. É uma grande perda para o mundo em um momento muito crucial ”, reconhece.
– Como você definiria Francisco?
– Ele era uma pessoa não repetível. Ele estava ciente do mundo em que vivia, um mundo tremendamente cruel cheio de sofrimento. Ele tem sido um grande governante, um bravo papa que manteve sua autoridade diante de tudo ao seu redor. Nada pomposo e gostava de falar claramente, pão e vinho.
– Você te considera um papa progressista?
– Sim, mas ele não gostava de ser descrito de forma alguma: nem como progressista nem conservador. Foi definido como um homem de experiência. Ele viveu coisas muito difíceis na Argentina, com golpes militares. Ele sempre dizia: ‘Eu sou uma pessoa que olha para os tópicos na frente e recebe todos’. Não importava se você era um crente ou não, bissexual, heterossexual, homossexual … eu disse ‘não sou ninguém para julgá -lo’.
– Você atingiu uma parte da Cúria?
– Ele odiava o clericalismo, entendido como uma igreja que se envolve. Esse tipo de superioridade porque ‘eu sou uma cura e só falo sobre cura coisas’. Isso para ele era mau. Ele também disse que a ideologia excessiva gerou radicalidade e radicalidade, por sua vez, maiores males.
– E isso entendeu das portas dentro?
– Francisco, por exemplo, incorporou mudanças na maneira de formar e educar os novos núnias. Ele procurou ser mais pessoas no mundo, que vivem os problemas das pessoas e procuram soluções. Eu queria que eles saíssem e enfrentassem desafios contemporâneos.
– Você tem a sensação de que seu pontificado começou com muita energia, o que levantou grandes expectativas sobre sua abordagem modernizadora da igreja e, em seguida, não poderia ou não deixar você desenvolver todas as suas idéias?
– Ele tem sido um homem muito consciente da igreja em que estava. Ele queria as mudanças que estavam se dando, que estavam se tornando a carne da igreja. Ele entendeu o mundo das periferias, geográficas e também sociais e religiosas. É por isso que tem sido o papa dos pobres, dos vulneráveis, daqueles que estavam com fome, daqueles que tinham necessidades psicológicas e queriam que a igreja o entendesse. E quando digo a igreja, também estou falando sobre mais ortodoxos.
– Uma dessas questões foram casos de abuso sexual dentro da igreja.
– Isso sempre foi muito claro. Ele o condenou.
– Ele também recebeu críticas.
– Em alguns anos, veremos seu pontificado com muito mais perspectiva. Por exemplo, o conceito de capital que deixa em uma igreja sinodal, em movimento, que atende e dá medidas para as necessidades do mundo real, e isso não apenas determina as normas e as deixa para atendê -las.
– Que tipo de batata os cardeais agora escolherão como sucessor?
– Se a igreja voltar e se envolver será um drama. Mas acho que o referente que Francisco gerou não será em vão. Há muita atração em relação à sua figura, o que verá muito mais à medida que o tempo passa.
Audiências de 5 da manhã
– Com a atual turbulência mundial, a igreja também pode apostar em uma virada conservadora.
– Essa não será uma boa receita.
– O que tem sido é um papa mais da mídia do que seu antecessor.
– Todo mundo queria estar com ele. Todos. E ele os recebeu, sejam eles chefes de estado, presidentes do governo, ministros ou artistas. Ele acordou às quatro da manhã para ter cinco ou seis públicos todas as manhãs. Felizmente, ele foi acompanhado por uma equipe leal, liderada por Parolin (Pietro Parolin, secretário do Estado do Vaticano).
– Como foi a distâncias curtas?
– tremendamente perto e com muito humor. Sempre sorrindo. Desde que me vi, ele me disse: ‘A mulher do sorriso’. Ele gostava das pessoas para sorrir, ele próprio porque percebeu o sorriso como um sinal de boa atmosfera, caridade quase política. Eu não conheço ninguém, tanto quanto fui para a linha dele, que depois de estar com ele, ele disse que não gostava.
– Algo que o surpreendeu?
– Eu tinha muita memória. Isso foi confirmado para mim as pessoas que só estavam com ele uma vez e quando voltaram, ele se lembrava do assunto que discutiram.
– curioso.
– Os visitantes sempre distribuíam um rosário ou medalha. Ele me disse toda vez: ‘Acho que você não tem’. Quando terminamos, eu me acompanhei até a porta e me confessei: ‘Você sabe por que acompanhamos as pessoas até agora? Para garantir que eles saiam ‘(risos). E ele sempre se despediu de ‘Ore por mim, ore por mim e não se esqueça dos pobres’.