Miguel Revenga | Professor de Direito Constitucional: “É muito difícil combater com um discurso racional o tweet com um valentão sobre a imigração”

O curso de verão da EHU que analisa o novo pacto migratório e asilo coincidiu com o tempo com duas notícias de … Imigração com repercussão, a da violência contra o Magrebe em Torre Pacheco (Murcia) e a espera dos migrantes da Mali de Donostia para estudar o pedido de asilo. Miguel Revenga, professor de direito constitucional da Universidade de Cádiz, defendeu em sua apresentação ‘Imigração: um enxame de emoções, direitos e competências’ que em um contexto em que os discursos de ódio tomam força “o outro é igual e merece uma dignidade que nos faz pertencer à família humana”, de acordo com O jornal basco.
– Por que a palavra ‘enxame’ para tocar sua apresentação?
– Ele nos refere à idéia de abelhas, que são muitas, se movem e parecem confusas. Eles têm uma mobilidade que eu acho pertinente aplicá -lo ao humano porque compartilha essas características. É enorme, procura um local de destino e carece de planejamento. Por outro lado, o enxame também pode ser usado para se referir aos nossos olhos para o fenômeno migratório. Preconceitos, emoções, direitos, necessidades vitais, fatos e o desafio de quem tem que gerenciar tudo o que está reunido.
– (…)
– Eu também acho que uma pequena piada, que o maior enxame é a mobilidade turística. Na Espanha, nossa prosperidade depende em grande parte do curso turístico que abrange dezenas de milhões de pessoas. Qual é a diferença? O fato de o turista vem e sair, e geralmente tem dinheiro, enquanto o fenômeno migratório é uma mobilidade carente, embora sempre seja dito que quem tem um modo de vida digno não migra, e que as pessoas que fogem o fazem dos países mais pobres são um mito. Às vezes, não é verdade que, com o desenvolvimento, ajude a migração, porque, para emigrar, também é necessário atingir um certo padrão de vida que incentiva o desejo de emigrar.
Incidentes em Torre Pacheco
“Se você disser ‘estamos indo para a caça aos imigrantes’ Você não está exercitando liberdade de expressão, está produzindo danos reais”
– destacado na apresentação de que o movimento migratório é um desafio. Vê -lo com um olhar livre de preconceitos ainda é um desafio maior?
– É um desafio para a nossa consciência como pessoas. É um desafio normativo, porque certamente as leis que temos não são suficientes, elas foram mal projetadas e mal aplicadas, e também é um desafio de gestão política. Se acreditarmos nos fundamentos de nossos sistemas, os maus -tratos dos emigrantes nos desacreditam porque é uma autonação dos orçamentos iniciais.
– Mas ele também mencionou que não estamos em um momento de migração extraordinária.
– Bem, eu não digo isso, diz Hein de Haas no livro ‘Os mitos da migração’. Não é um momento histórico em que se pode dizer que há uma explosão de movimentos migratórios superiores a outras vezes. De fato, ele insiste muito no fato de que 97% da população mundial vive nos países onde ele nasceu. Isto é, afeta 3%.
Como se defender?
“É difícil combater com um discurso racional o tweet que em alguns personagens associados que os estrangeiros são estupradores”
– Então, por que a migração está na boca de todos?
– Há um processo de esgotar os orçamentos que o universo do liberalismo apresentou após a Segunda Guerra Mundial. Há um ataque autoritário ao desgaste da democracia e do questionamento dos benefícios democráticos e dos direitos humanos e o melhor instrumento para que isso seja bem -sucedido é a migração. Estamos vendo isso nos Estados Unidos. Qual é a primeira medida de Trump a ganhar adeptos à sua causa de fazer um país melhor? Expulsar no exterior. O discurso de amizade-inimigo é tão antigo quanto a pessoa, a lei e o constitucionalismo é superar essa dialética, não ver o outro como inimigo, mas como pessoa. O outro é igual e merece uma dignidade que nos faz pertencer à família humana. Se você negar essas desumanizas, crie nichos de abuso, discrimina, perseguem e excluem. Esse é o perigo.
– Estamos em um momento crítico?
– Claro. Há um avanço político de partidos e movimentos que defendem esse tipo de idéias e, por mais otimistas que se queira ser o apoio do estado de bem -estar e a segurança dos direitos humanos, a saúde não é muito robusta.
– Existem imigrantes vistos com olhos melhores do que os outros?
– Existem diferentes lacunas. O econômico também é o religioso, o cultural, o da raça … essas lacunas devem ser superadas com uma boa disposição em relação ao outro. Se você não o possui, está gerando preconceitos com rótulos contra muçulmanos, negros ou pobres, dizendo que eles estão na rua e que só pensam em cometer e aceitar seu emprego. O que seria a Espanha sem a contribuição decisiva dos imigrantes que ocupam obras que o National não deseja? Todos esses rótulos formam uma bomba de relojoaria na qual se está disposto a tudo, como a caça aos imigrantes como hoje em dia na região de Murcia.
Não há “explosão” migratória
«No livro ‘Mitos da migração’, insiste que 97% da população mundial vive no país em que ele nasceu»
– Como você está vendo isso?
– O discurso nunca é inocente e há palavras que têm a capacidade de produzir fatos. Existem palavras como facas e discursos que por si mesmos geram perigo real. Todas as construções de defesa da liberdade de expressão têm um ponto de não retorno quando geram um perigo claro e iminente. Se você disser ‘vamos à caça aos imigrantes’, você não está exercendo liberdade de expressão, está produzindo danos reais.
– Defenda que esses discursos são travados com dados.
– Sim, com racionalidade.
– Essa parte da população tem uma predisposição para receber os dados e dar -lhes bons?
– Estamos no momento em que a comunicação digital e algorítmica favorece o falso e o valentão. E isso nos inunda. É muito difícil combater com um discurso bloqueado, racional e cheio de dados contrastados que em alguns caracteres associam que todos os estrangeiros são estupradores. Eu exagero um pouco, mas basta que haja um a ser associado ao exterior com o estuprador e o agressor.