“Ozempic é para pessoas pesando 200 quilos, não que querem baixar 10”

Em uma em cada dez vezes, quando as farmácias notificam que não têm remédio, este é o famoso ozempic. O medicamento, inicialmente desenvolvido … Para tratar o diabetes, foi demonstrado um ‘peso’ eficaz, o que desencadeou a demanda por essas injeções. A química de Svetlana Mojsov (Skopie, Macedonia del Norte, 1947) é um dos arquitetos da descoberta, que lhe rendeu a Fundação BBVA Foundation of Knowledge Foundation na categoria de biologia e biomedicina, prêmio que ele compartilha com Daniel Drucker, Joel Habner e Jens Holst. Mojsov embarcou há cinquenta anos, sendo a Still University, no estudo do hormônio glicagon, cuja função é aumentar os níveis de glicose no sangue.
Depois de anos de trabalho, Conta ‘El Correo’conseguiu sintetizar no laboratório o peptídeo GLP-1, que estimula a produção de insulina somente quando os níveis de açúcar no sangue são altos. É a base dos medicamentos modernos contra o diabetes, popularizados graças a Ozempic. O ‘salto’ em relação àqueles que já existiam é que estes, além de ajudar a controlar a doença, contribuem para a perda de peso, enquanto os anteriores causaram seu ganho. E perder peso – reduções de até 20% de massa corporal foram observadas em pacientes que a tomam – melhora o prognóstico da doença.
– De acordo com quem, a prevalência de diabetes passou de 7% em 1990 para 14% em 2022: de 200 a 830 milhões de pessoas. Isso continuará aumentando?
– Espero que não. Embora os fatores genéticos também influenciem o diabetes, acho que estamos mais conscientes de que precisamos prestar atenção à nutrição, exercitar mais … para que as porcentagens sejam reduzidas. Os medicamentos GLP-1 e os outros que virão no futuro permitirão controlar a doença para que os pacientes tenham uma vida normal.
– O diabetes está curado ou é muito a dizer?
– No momento, é muito a dizer.
– Esses medicamentos também se provaram eficazes para perder peso, o caso da famosa Ozempic. Você se preocupa com o fato de o aspecto estético, ou seja, as pessoas que os levam porque querem perder alguns quilos, se imporem à saúde?
– Sim, claro que me preocupa. Alguém que quer perder 10 ou 15 quilos, que às vezes quer descer para uma questão estética, deve fazê -lo sem tomar drogas. É difícil fazer uma dieta, eu a reconheço, mas por isso existem os nutricionistas. Ozempic e outros semelhantes devem ser usados apenas quando a obesidade for grave, ou seja, pessoas pesando 200 quilos e que realmente precisam levá -lo. Essas pessoas devem ter acesso a drogas a um custo acessível e até gratuito.
Trabalho de nutricionista
– Há uma escassez recorrente de ozempic em farmácias. As pessoas com diabetes ou obesidade severa devem ter preferência no acesso a este medicamento em relação aos outros que o compram para perder um pouco de peso?
– Sim, sem dúvida. Muitas pessoas com obesidade grave também têm diabetes, e uma das coisas importantes dos medicamentos GLP-1 é que, quando o paciente os leva, ele perde peso e que, por sua vez, faz o diabetes desaparecer muitas vezes. Portanto, resolva duas doenças ao mesmo tempo.
– Esse uso “frívolo” desse tipo de medicamento poderia carregar, paradoxalmente, para se preocupar menos em levar uma vida saudável? Isto é, eu tenho 10 quilos e os contraditórios injetando ozempic. Por que tentar usar uma alimentação saudável ou praticar esportes se houver um ‘caminho’ mais fácil?
– Espero que isso não aconteça. Estou ciente de que permanecer saudável é algo que requer trabalho, mas também acredito que é um trabalho que a sociedade já assumiu que você precisa fazer. Hoje, sabemos quais alimentos são saudáveis, temos academias onde podemos nos exercitar no momento em que queremos, há muito apoio (médicos, nutricionistas …) para que levamos uma vida saudável. Não devemos recorrer a medicamentos para esse fim. No caso de perda de peso, eles devem ser usados se a obesidade for grave porque afeta as funções de outros órgãos: coração, rim … para que, para essas pessoas, a perda de quilos é uma questão de saúde. Por outro lado, gostaria de esclarecer que a obesidade implica um desequilíbrio hormonal. Não é que aqueles que sofrem com isso querem comer mais ou não controlam a mesa.
– onde parece que há falta de controle na comercialização de medicamentos. A prova disso é escassez.
– Sim, há de fato uma infeliz falta de controle. Deve ser monitorado de alguma forma, porque hoje as pessoas compram medicamentos mesmo pela Internet.
– Sua pesquisa teve um enorme impacto. Este sempre é o caso. Existe muita pesquisa científica ‘invisível’?
– Cada cientista melhora o conhecimento existente, o conhecimento é adicionado. Outros cientistas estabeleceram as fundações para a minha descoberta. Não sai do nada, não cai das nuvens.
A dieta mediterrânea
-Neurocientistas veem nesses medicamentos com base no potencial hormônio LPG-1 para ajudar a tratar doenças neurodegenerativas.
– Essa é uma linha de trabalho. Continuo com a investigação para tentar encontrar novos medicamentos semelhantes ao Ozempic. Dessa forma, os preços cairão e a escassez terminará.
– Além das drogas, ele insiste que a dieta é fundamental no ‘tratamento’ do diabetes. Somos privilegiados com nossa dieta mediterrânea?
– É assim que é. Quando chego à Espanha, não vejo muitas pessoas obesas na rua.
– Você gosta da nossa gastronomia?
– Eu amo isso! O que chama minha atenção é que, onde quer que você vá, você pode comer produtos frescos: peixe, vegetais … é a primeira vez que visito Bilbao e, além de sua excelente gastronomia, gostei muito da cidade. Não sei como as ruas foram organizadas, mas a realidade é que, de todas elas, você pode ver as colinas verdes que cercam a cidade. É maravilhoso.